O brincar é um direito consagrado no artigo 31 da Convenção dos Direitos da Criança. Brincar é aprender, um meio privilegiado para a criança expressar as sua emoções, para transformar competências em recursos, e servindo de alicerce para conhecimentos de uma complexidade maior. Através da brincadeira, a criança explora e reflete sobre a realidade e a cultura na qual está inserida, interiorizando-a. A experimentação de diferentes papéis sociais (o papel de mãe, pai, diferentes profissões ou personagens de diferentes histórias), o faz-de-conta, permite à criança compreender o papel do adulto e aprender a comportar-se e a sentir como ele, constituindo-se como uma preparação para o mundo. A criança procura assim conhecer o mundo e conhecer-se a si mesma.
No entanto, e apesar do contrassenso que é, as crianças têm cada vez menos tempo para brincar, em prol de agendas assoberbadas em atividades extracurriculares e trabalhos escolares.
E ao que parece os próprios pais e profissionais consideram esse tempo insuficiente. Então devemos refletir sobre esta redução do tempo do brincar, bem como das suas consequências para o desenvolvimento infantil. Será fruto do ritmo desenfreado do dia-a-dia? Da dificuldade em conciliar vida profissional com a familiar? Da constante pressão para o sucesso que se exerce sobre as crianças desde idades, cada vez mais precoces?
Eduardo Sá, Psicólogo Clínico e Psicanalista, Professor da Universidade de Coimbra e do ISPA. É autor de artigos e de livros científicos na área da psicanálise e da psicossomática, e de livros de divulgação no âmbito da saúde familiar e da educação parental ajuda-nos refletir sobre esta temática.

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